Entenda os próximos passos de Fernanda Torres na corrida para o Oscar após vitória no Globo de Ouro
Premiação da Academia acontece no dia 2 de março, em Los Angeles

Você viu domingo? Você viu a Fernanda Torres no Globo de Ouro? Totalmente aclamada! Das telinhas da TV com personagens cômicas como Vani de "Os normais" ou Fátima de "Tapas & beijos" — ou seria "Slaps & kisses"? — ao sucesso no cinema com obras memoráveis como "Eu sei que vou te amar" (1986) e "Terra estrangeira" (1995)... Dos corredores de convenções de fãs, onde se sente o Pikachu, aos luxuosos quartos de hotéis da Europa, de onde anuncia: "a vida presta"... Dos memes e das figurinhas mais usadas nas redes sociais aos tapete vermelhos de premiações em Hollywood... Fernandinha é daquelas quase unanimidades em um Brasil que esteve muito dividido nos últimos anos.
A votação para definir os indicados ao Oscar começa amanhã, ainda num momento em que o resultado do Globo de Ouro está bem quente entre os profissionais da indústria. Em toda a história, apenas em duas ocasiões a vencedora de melhor atriz em filme dramático ficou de fora da lista final do Oscar, em 1989 com Shirley MacLaine (por “Madame Sousatzka”) e em 2009 com Kate Winslet (por “Foi apenas um sonho”).
Por outro lado, a ausência de Fernanda nas indicações ao Critics Choice e na pré-lista do Bafta ainda deixa uma interrogação sobre sua presença no Oscar. Tentando manter os pés no chão, a atriz disse à GloboNews: “Estou satisfeita com o meu Globo de Ouro.”
— Este prêmio não só destaca o talento excepcional de Fernanda, mas a qualidade e a relevância do cinema brasileiro e das produções originais do Globoplay. “Ainda estou aqui” é um filme que toca profundamente em questões históricas e emocionais do Brasil, e ver esse reconhecimento internacional é uma honra imensa para todos nós. Continuaremos a investir em histórias que merecem ser contadas e que ressoam com o público global — diz Manuel Belmar, diretor de Finanças, Jurídico, Infraestrutura e Produtos Digitais da Globo.
Nas redes sociais, colegas de Fernanda comemoraram o resultado. "Obrigada Nanda por através do seu trabalho incrível nos afetar em tantos lugares. Te agradeço como mulher, como mãe, como brasileira e como atriz", escreveu Taís Araujo. Já Ingrid Guimarães escreveu: "Nesse filme, sobre esse assunto tão essencial nos dias de hoje, vimos uma filha honrar a mãe. Vimos o cinema brasileiro brilhar." Mesmo Regina Duarte, ex-Secretária da Cultura de Bolsonaro, celebrou a vitória: "As nossas Fernandas sempre inflando nossos corações com alegria".
Mas engana-se quem pensa que só personalidades do audiovisual celebraram a conquista. "Fernanda Torres é orgulho do Brasil", postou o presidente Lula. "Mais do que merecido", comemorou a jovem Rayssa Leal, tricampeã mundial de Skate. "Coloca mais uma estrela na camisa da seleção", pediu o influenciador do meio do futebol Pedro Certezas.
— Tudo tão surreal que eu tenho a sensação de viver uma realidade paralela, como quando se desfila em escola de samba. Ainda não voltei para a vida — comentou Fernanda, de 59 anos, ontem em entrevista ao Estúdio i na GloboNews.
Ao receber sua estatueta das mãos de Viola Davis, sobre o aplauso efusivo da concorrente Tilda Swinton e, é claro, da mesa de "Ainda estou aqui", em que estavam Selton Mello, Walter Salles, os produtores Maria Carlota Bruno e Rodrigo Teixeira, Michael Barker (presidente da Sony Classics) e pelo marido Andrucha Waddington, Fernanda revelou não ter preparado discurso. Posteriormente, confirmou que jamais pensou que fosse ganhar, apesar de ser apontada como favorita por sua mãe, Fernanda Montenegro, e pela Variety, tradicional publicação americana (que acertou a aposta na brasileira, mas errou em todas as demais categorias de atuação em filmes).
— Eu sabia que ela iria ganhar — disse uma emocionada Fernandona, de 95 anos, ontem na GloboNews. — O prêmio do Golden Globe reconhece, cultua e ilumina essa grande atriz brasileira que é Fernanda Torres. (...) Eu aplaudo Fernanda Torres. Bravo, minha filha, bravo.
Próximos passos
Mal despertou em Los Angeles após a noite de gala e celebração, Fernanda Torres já precisou se preocupar com a agenda de compromissos. Ainda ontem, ela se juntou a Walter Salles para apresentar uma sessão de “Ainda estou aqui” no Festival de Cinema de Palm Springs, na Califórnia. A exibição foi seguida por um debate mediado pelo crítico David Ansen.
Nos próximos dias, atores, produtores e diretores terão as últimas oportunidades para tentar seduzir os eleitos do Oscar para indicações. A votação acontece entre os dias 8 e 12 de janeiro, com o anúncio da lista final sendo anunciada no dia 17. A cerimônia da 96ª edição do Oscar acontece em 2 de março.
Mas antes disso, ainda tem muita coisa para acontecer. Amanhã, serão anunciadas as indicações ao SAG Awards 2025, principal termômetro para o Oscar nas categorias de atuação. Realizada pelo sindicato dos atores dos Estados Unidos, a premiação, tradicionalmente, não abre muito espaço para indicados estrangeiros. Neste sentido, uma lembrança de Fernanda Torres no SAG praticamente garantiriam uma indicação da atriz no Oscar. Os sindicatos dos roteiristas (WGA) e dos produtores (PGA) também anunciam suas indicações nos próximos dias.
A temporada de premiações aquece ainda em fevereiro com a realização das cerimônias dos sindicatos de diretores e produtores (no dia 8), do BAFTA (16), no Film Independent Spirit Awards (22) e no SAG Awards.
A vitória de Fernanda acabou chamando mais a atenção para as possibilidades da atriz no Oscar, mas é bom lembrar que “Ainda estou aqui” também tem ótimas chances de figurar entre os cinco filmes internacionais. Na verdade, há quem garanta que uma indicação é certa na categoria, em que deve ter como principais ameaças o francês “Emilia Pérez” e o alemão “A semente do fruto sagrado”. O indiano “Tudo que imaginamos como luz”, um dos filmes mais elogiados da temporada, não preocupa o drama brasileiro no Oscar após não ter sido escolhido o representante da Índia na categoria.
Derrotado por “Emilia Pérez” no Globo de Ouro na categoria melhor filme em língua estrangeira, “Ainda estou aqui” também concorre no Critics Choice e está nas shortlists do BAFTA e do Oscar. Se confirmado no prêmio da Academia, será a primeira vez desde “Central do Brasil” que o Brasil entra na disputa de filmes internacionais.
“É muito emocionante viver isso 26 anos depois de ‘Central do Brasil’”, destacou Walter Salles em nota oficial comemorando a vitória de sua atriz.
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