'Não há nenhum interesse, nem meu nem dele', diz Lula sobre telefonema com Trump
Presidente conversou com jornalistas no Palácio do Planalto. Eleito em novembro, Trump ainda não falou diretamente com Lula – mas já sinalizou medidas que atingem o Brasil. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com jornalistas.
Guilherme Mazui/g1
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (30) que não há previsão de conversar diretamente com o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump foi eleito em novembro e tomou posse no cargo no último dia 20. O governo brasileiro reconheceu a vitória em comunicados públicos, mas Lula não seguiu a praxe de telefonar para o político eleito. E indicou que não pretende fazê-lo.
"Não há nenhum interesse agora, acho que nem meu, nem dele. Essas conversas só acontecem quando você tem interesse, quando tem alguma coisa para tratar. Eu mandei uma carta para o governo americano dando os parabéns pela vitória, e é isso", disse Lula.
"Se a gente não tiver oportunidade de se encontrar, porque ele não participa dos Brics... Se eu for convidado para o G7, a gente tem chance de se encontrar. Se não, a gente vai se encontrar na ONU – se ele não desistir da ONU também", ironizou.
"Obviamente, eu acho que esse negócio de descumprir o Acordo de Paris, que não vai dar dinheiro à OMS é uma regressão à civilização humana", completou.
Brasil vai retribuir 'tarifaço', diz Lula
Lula também afirmou a jornalistas no Palácio do Planalto que, se Trump cumprir a ameaça de sobretaxar a importação de produtos brasileiros, o Brasil adotará medida semelhante.
"Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA. ...] Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países. Ele foi eleito para governar EUA. Outros presidentes eleitos para governar com outros países", disse.
O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA é um assunto delicado para o governo, já que os mandatários têm visões e lados opostos.
Lula busca estabelecer uma relação pragmática com Trump, especialmente em questões ambientais.
Nesta terça-feira (28), Lula se reuniu com ministros, representantes da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Federal para tratar da deportação de cidadãos brasileiros pelos Estados Unidos, que causou atrito entre os dois países.
A orientação dentro do governo, no entanto, foi para não criar atrito com o presidente recém empossado dos EUA.
Lula não quer se indispor com um país parceiro histórico do Brasil, ainda mais neste início de mandato nos EUA.
O encontro, realizado no Palácio do Planalto, ocorreu após o desembarque em Manaus (AM) de um grupo de 88 brasileiros deportados, transportados algemados e acorrentados.
Isso motivou o governo brasileiro a pedir a retirada das algemas e a enviar um avião da Força Aérea Brasileira para terminar o transporte dos deportados.
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