PT derruba regra interna que impedia deputados e senadores de tentar a reeleição várias vezes
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Medida valerá, a princípio, para 2026 e pode ser revista futuramente. Também foi definido regulamento para as eleições diretas para a presidência da sigla. Integrantes da cúpula do PT durante reunião na sede do partido
Divulgação/PT
O diretório nacional do PT decidiu nesta segunda-feira (17) derrubar uma regra do estatuto da sigla que impedia parlamentares de se candidatar "eternamente" a reeleições.
A medida, aprovada em meio a divergências entre correntes do partido, valerá a princípio somente para as eleições de 2026.
O estatuto do PT, em vigor desde 2017, proibia que vereadores e deputados federais e estaduais se candidatem para mais de três mandatos consecutivos na mesma Casa.
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No caso dos senadores, a regra estabelecia que o parlamentar não poderia disputar a reeleição depois de dois mandatos consecutivos.
A derrubada desses impedimentos foi articulada pela corrente majoritária do PT, a Construindo Um Novo Brasil (CNB), a quem pertence o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Segundo membros do diretório nacional do partido, a intenção do grupo ao propor a mudança foi antecipar os debates para a composição das candidaturas legislativas do PT em 2026, abrindo caminho para que a sigla invista em candidatos com chances reais de eleição.
Os dirigentes também argumentaram que a alteração reflete a atual realidade política do Brasil e do Congresso.
Correntes minoritárias da sigla tentaram, sem sucesso, derrubar a proposta durante uma reunião híbrida do diretório nacional na tarde de segunda.
O argumento era de que a mudança, na prática, impediria a renovação política e que não poderia ser feita por meio de uma reunião simples da direção do partido, que havia sido convocada somente para discutir as regras para as eleições diretas do novo comando do PT.
Mesmo com os apelos, a regra aprovada pelos dirigentes vai além e prevê que o partido poderá decidir pela derrubada total do impedimento. Isso deverá ocorrer em um futuro congresso para atualizar o estatuto do PT, levando em conta a "realidade e condições políticas atuais".
Novo comando do partido
Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, é um dos cotados para assumir a presidência do PT no lugar de Gleisi Hoffmann
Amanda Rocha/Arquivo pessoal
A divergência não ficou apenas na autorização para reeleição eterna de parlamentares.
O texto aprovado nesta segunda permite ainda que dirigentes se candidatem a mais de três mandatos consecutivos no comando das instâncias federal, estadual e municipal da legenda.
O pano de fundo para tudo isso são as eleições para os novos dirigentes do partido.
O PT se prepara para renovar as direções da sigla em todo o país. As eleições serão diretas — isto é, os filiados poderão votar diretamente para escolher os novos comandantes — e estão marcadas para 6 de julho.
A nível nacional, há incerteza em torno do nome que representará a CNB na disputa para presidente do partido. Em janeiro, Gleisi Hoffmann afirmou ao g1 que esperava que a corrente ungisse um único nome.
O ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva e o deputado José Guimarães são alguns dos nomes mencionados pelos integrantes da Construindo Um Novo Brasil.
Na reunião desta segunda, os dirigentes do PT também aprovaram as regras para as eleições internas do partido.
As candidaturas para presidente nacional do partido poderão ser feitas de 10 de março até 19 de maio de 2025. Para ser considerada apta, a candidatura deverá reunir assinaturas de apoio de pelo menos 1.000 filiados.
Será eleito, em primeiro turno, quem alcançar mais de 50% dos votos válidos. Se nenhum candidato atingir a marca, haverá segundo turno em 20 de julho.
O presidente nacional eleito tomará posse no encontro nacional do PT, que ocorrerá nos primeiros dias de agosto. O mandato será de quatro anos.
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